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Not In The Closet

Saí...e já não volto mais.

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Saí...e já não volto mais.

Por onde começar?

Alex, 13.05.23

Muita coisa aconteceu durante o tempo em que não escrevi. Nem aqui, nem em mais nenhum outro lugar. Tivemos toda uma pandemia, que foi recentemente dada oficialmente como terminada, apaixonei-me, mudei de casa, adotei dois gatos, viajei muito, amei muito, ri e chorei muito. 

Muita coisa aconteceu, então é um bocadinho difícil saber por onde começar. Mas depois penso: "não há pressa". Há tempo para contar, tudo, ou nada, se assim eu não quiser.

Escrever sobre isto, sobre aquilo ou até mesmo, por vezes, sobre nada. Mas acho que hoje vou escrever um bocado sobre tudo um pouco. 

Estou um bocado enferrujada, no que toca a escrever. Principalmente em português. Isto pode parecer estranho para muitos, mas desde muito cedo que me sinto mais confortável a escrever em inglês do que em português. Falo e escrevo em inglês todos os dias, por causa do trabalho. E fora dele também, verdade seja dita. Sempre foi uma língua muito minha, apesar de na verdade não o ser. Já cheguei a sonhar em inglês e tudo!

Portanto, perdoem-me desde já erros ortográficos, frases com pouco ou nenhum sentido e outras gaffes

Decidi, depois de muito, muito tempo a remoer sobre o assunto, voltar ao mundo dos blogs e da escrita, porque sentia que me faltava algo. No papel, neste momento, tenho (quase) tudo. Uma namorada maravilhosa, uma casa, um trabalho estável que me paga bem, família, amigos, viajo de vez em quando, tenho uma boa vida. Mas, contudo, faltava-me algo. A parte de mim que existe desde que eu tenho memória. A Alex que escrevia histórias e se deliciava com as dos outros. A Alex que passava horas e horas a magicar personagens, mundos e até mesmo a Alex que escrevia posts no seu blog sobre a sua vida mundana, textos de opinião e desabafos. 

Até agora, não me sentia pronta para voltar...para, devagar, devagarinho, começar a curar a ferida grande que existe em mim, no que toca à escrita. Podem perguntar de onde veio essa ferida? O que aconteceu para que, uma pessoa que escrevia todos os dias sem falta, deixar de o fazer de um dia para o outro?

Foram várias as razões, na verdade...

O meu curso, que me obrigava a escrever mesmo quando eu não tinha nada dentro de mim para colocar no papel, ou na folha do Word. O facto de que, tudo o que escrevia, era escrutinado, julgado, remexido e avaliado. Essa foi a grande primeira razão. Licenciei-me em Escrita Criativa e Jornalismo mas perdi a criatividade que existia em mim. E o jornalismo? Exerci nove meses e foi suficiente para descobrir que essa nunca tinha sido a minha verdadeira paixão.

A segunda grande razão: o trabalho num jornal de saúde. Nove meses como estagiária que me pareceram nove anos... Para não me alongar muito sobre o assunto, trabalhava demais para algo que não me interessava minimamente e acabei desempregada, com Covid e um burnout

Não valeu pela experiência. 

Isso foi há três anos atrás. O curso foi há oito. A paixão pela escrita? Tenho-a desde que me lembro. 

E como tal, depois de muito batalhar comigo mesma, depois de muito chorar e de contar a mim, e a todos à minha volta, que tinha abandonado a escrita completamente, cá estou eu. Pronta a dar uma nova oportunidade a algo que nunca saiu de mim. A algo que, não faz de mim o que sou, mas que é parte de mim.

Tinha eu oito anos e já escrevia sobre golfinhos falantes que eu queria ter como amigos. Hoje, com vinte e (quase) sete, continuo a querer golfinhos falantes como amigos, mas sei que não é possível. E cá estou, a escrever.

Devagar, devagarinho se vai ao longe, costuma-se dizer. Eu não sei bem se quero ir longe. Por agora, estou bem aqui. Mas sei que precisava disto. 

Quero fazer as pazes comigo e com a escrita. Quero sentir novamente a alegria e a satisfação que me dava quando construia mundos diferentes, quando desabafava num post sobre algo que me atormentava, quando divagava e não escrevia nada de jeito. 

E sabem que mais? Já estou a sentir. 

Acho que posso começar por ai...