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Not In The Closet

Saí...e já não volto mais.

Not In The Closet

Saí...e já não volto mais.

Vinte seis mais um

Alex, 23.05.23

Não sou pessoa de gostar de fazer anos. Acredito que tenha sido sempre assim. Não necessariamente porque fico um ano mais velha (também não me agrada), mas porque fazer anos significa que a atenção cai toda sobre mim.

Eu não gosto de ser o centro das atenções. Quanto mais despercebida passar pela vida, melhor. Mas no dia dos meus anos, não me safo. É mensagens e telefonemas de pessoas que, a grande maioria, não querem saber muito de mim nos outros 364 dias do ano. É toda a cacofonia de receber presentes que não pedi e os que pedi, sem saber como reagir a ambos. Sinto-me desconfortável, sem saber como agir, o que dizer. É toda a expectativa dos outros em relação ao próprio dia. É aquele momento awkward do cantar de parabéns e não saber se canto também ou fico só a bater palmas, à espera que acabem para eu poder assoprar as velas.

Quando era mais nova, há uns bons anos atrás, eu só gostava dos meus anos porque era a desculpa ideal para reunir no mesmo espaço as várias pessoas de quem gostava. Tios, primos, avós e amigos da família, que ainda são uns quantos. Contudo, há medida que o tempo vai passando, as vidas das pessoas vão mudando cada vez mais, a disponibilidade também já não é a mesma, e a idade da maioria já é avançada. Então, festejar a meio da semana, já não calha bem a muitos.

Este ano, faço anos a uma quarta. Amanhã, dia 24 de Maio.

Para mim, basta-me um passeio por um sítio agradável com a minha namorada e um jantar com os pais ao final do dia. E claro, um bolinho delicioso feito pela sogra. O resto, dispenso. Não preciso de parabéns de pessoas que já mal conheço; com quem já não falo. Dispenso prendas às quais, algumas delas provavelmente, nem vou dar uso. Dispenso as expectativas e as conversas enfadonhas do "mais um ano, não é?"; "lembro-me quando andava contigo ao colo, parece que foi ontem..."

Mas não foi. Cresci e, se tudo correr bem, continuarei a crescer. E continuarei a não gostar muito de fazer anos. São maneiras de ser e de estar. Compreendo que os meus me queiram celebrar - assim os deixo fazer. Mas, não vou fazer fretes. Já não tenho idade nem paciência para isso. Não vou fazer algo só porque é o que se espera, ou o que normalmente se faz.

Vou acordar. Vou tomar banho. Vou comer. Vou passear. Vou regressar. Vou jantar e apagar as velas. Comer bolo. E vou dormir, com mais um ano em cima.

Com vinte seis mais um.